quinta-feira, 3 de julho de 2008

Viver dói

Noite de Closer em casa.
Precisava rever. Precisava mostrar.
A primeira vez foi prestes a me atirar do abismo.
A lição primordial: nunca estamos plenamente satisfeitos com o que temos, com quem nos rodeia e até com quem nos ama.
Segunda: nem toda a verdade precisa ser dita. Por mais virtuoso que seja, a covardia deveria ser respeitada. Não defendo a mentira. Mas sinceridade cortante fere, magoa, te deixa em frangalhos. A verdade deve prevelecer? Nem sempre, em alguns casos. É como pisar de saltos finos no gramado. Você vai afundar em algum momento.
Da primeira vez, me identifiquei demais com Anna. A fotógrafa que num rompante decidiu se jogar, pois não se achava merecedora suficiente do amor real, calmo e quase indolor. O medo a levou ao desconhecido. E se o desconhecido assusta, também é uma forma de perceber-se vivo.
Na segunda edição, achei que estivesse assistindo a versão do diretor, sem cortes, mais seco. Muita coisa mudou desde a primeira vez.
Sempre muda...
Acho que estou mais pra Jane agora. Uma desconhecida que prefere apagar o passado, se apresentar embalada pra presente e oferecendo a única coisa que realmente tem e interessa: a entrega sem amarras, o seja bem vindo à vida e enjoy!
Tudo que Jane quer é ser alguém pra outro alguém e não se fiar em alguém. O que Dan não enxerga é que ele depende de sua Alice e não o contrário. A lição que tiro agora é um pouco mais elaborada que as primeiras intenções. Continuo com as observações anteriores, porém, acabo constatando que por mais íntimo que sejamos, nunca conhecemos de fato o outro. Mais. Nem sempre o que é real é de verdade e expectativas só existem pra quem vive no universo paralelo. O real é o que você viveu naquele momento. O raio de intensidade só se dá uma vez. O resto é fabricação imprópria da mente que teima em viver no mundo ideal. Mas o que é o ideal a não ser fragmento da vontade que dê certo? Por que não viver o que se quer no momento em que se pode?
Não acredito na pessoa certa na hora errada. Existem pessoas erradas que te visitam a qualquer hora. Mas como sabê-las sem conhecê-las? Mas até onde vai o poder radiográfico do ser-humano? Ninguém se conhece. Ninguém quer se conhecer de verdade, menos ainda ao outro. Qual a chance de dar certo? Talvez a mesma de dar errado. Qual a probalidade de sermos felizes a longo prazo se não conseguimos ser felizes no momento em que algo surpreendente aconteceu? Para Herbert é o segundo que antecede o beijo, a palavra que destroí o amor. Fragmentos... Para Chico, existem desastres nas mãos de Beatriz e o pra sempre é sempre por um triz, que nas mãos de Renato, sempre acaba. Viver dói.